29 de outubro de 2014

Entrevistando: Marcos DeBrito #1

Hi Hi Creepies!!

Hoje  teremos mais uma entrevista no blog!! Dessa vez, será com Marcos DeBrito! Escritor e cineasta (nosso parceiro)! Olha como o blog está chick! Seu primeiro livro é À Sombra da Lua! Está sendo uma excelente leitura e logo, logo terá resenha para vocês!! Para quem quiser conhecê-lo mais, e à sua obra, clique aqui! E, também, não deixem de ler o post da coluna LI ATÉ A PÁGINA 100 E... de À Sombra da Lua!! Tenho certeza que não vão resistir à leitura!!





MMTP: Já teve medo do escuro?

Marcos: Considero o medo do escuro um fator essencial para quem escreve o gênero terror. Para transpor esse sentimento para as páginas, não há nada mais eficaz do que um real conhecimento de causa. Parei de dormir com a luz do meu quarto acesa só depois dos 18 anos e, ainda hoje, passo algumas noites em claro quando os fantasmas do meu passado resolvem me assombrar.

Durante o dia sou totalmente racional quanto a improbabilidade dos fenômenos sobrenaturais ocorrerem depois que deito na cama, mas na madrugada essa razão é derrubada pelo pavor do que pode estar escondido nas sombras.



MMTP: O que te assustava quando era criança?

Marcos: Até hoje a ideia real de morte me assombra. A noção de finitude me desola e por isso que é um tema geralmente discutido nos meus textos.

Mas se formos interpretar o susto como um abalo emocional provocado por uma circunstância ameaçadora ou inesperada, sempre tive medo do que hoje escrevo. Fantasmas e criaturas das trevas sempre roubaram meu sono, mas, mesmo assim, procurava-os em filmes, literatura ou quadrinhos.



MMTP: Tem algum relato, de algo estranho e sobrenatural, que aconteceu com você, para nos contar?

Marcos: Esse tipo de experiência eu fujo um pouco da resposta porque muitas pessoas não acreditam na presença ou influência do oculto.

Prefiro deixar para interpretação do leitor se escrevo com conhecimento de causa ou por criatividade. O que posso afirmar é que tive sim episódios que originaram meu medo pelo escuro e que se eu os descrevesse aqui a entrevista seria longa.



MMTP: Como surgiu esse gosto pelo gênero terror?

Marcos: Acredito que os fantasmas do passado me deixaram essa herança. Eu buscava em filmes desse gênero algum tipo de explicação para entender o que acontecia comigo. Talvez tenha sido um erro porque a ficção tende a vender o sobrenatural como perverso e eu aceitei esse conceito.

Hoje, apesar de acreditar que nem todos seres ocultos ostentam a maldade, minha maneira de retratá-los é influência dessa noção que tive quando criança. E não reclamo. Foi assim que aprendi a discutir sobre o mal e suas contradições.



MMTP: Já tinha vontade de escrever um livro antes?

Marcos: Nunca havia pensado em escrever um livro, apesar de minhas redações na época da escola sempre extrapolarem o limite de páginas. Imagino minhas histórias contadas visualmente, tanto que me formei em cinema e trabalho como roteirista e diretor. Mas quando terminei o roteiro do “Vila Socorro” (primeiro título do “À Sombra da Lua”), fizemos o orçamento e concluímos que a produção era muito cara para ser realizada. Como eu gostava muito da história, não queria engavetá-la e resolvi arriscar como romance.

Foi uma enorme surpresa para mim quando a Rocco me escreveu querendo publicar o livro. Eu não imaginava que ele pudesse sair por uma das nossas maiores editoras, que tem os direitos da Anne Rice e tantos outros escritores renomados. Mas gostaram tanto que já me pediram para escrever uma trilogia.

Hoje penso em ter mais livros publicados. Inclusive, já entreguei a eles o original de “O Escravo de Capela”, meu segundo romance também de terror. Mas, os planos para filmar o “À Sombra da Lua” permanecem. Só que para o futuro.


MMTP: O que acha dos livros de terror nacionais?

Marcos: Sei que pode parecer uma falha minha, mas não leio literatura de terror nacional contemporânea. Juro que tentei, mas me decepcionei com a forma da escrita dos livros que li. Gosto de descrições exageradas, da dor existencial, do sofrimento e isolamento..., narrados de forma quase poética. Procuro a beleza do pessimismo em construções gramaticais harmoniosas e isso falta em nossa literatura de terror. O que temos são textos diretos, frases curtas e metáforas pobres. Acho que o horror é considerado um subgênero por aqui justamente pela maioria dos autores focar apenas na ideia central da estória, em detrimento de uma forma de escrita melhor trabalhada.

Sou apaixonado pela composição narrativa dos ultrarromânticos. Não sei se consegui, mas tentei trazer para o “À Sombra da Lua” essa melancolia em contornos trágicos que impregnava os textos do Mal do Século. Parece uma aposta bem vinda, tanto que a Rocco indicou o livro para concorrer ao Jabuti de melhor romance do ano. Infelizmente não fui um dos finalistas, mas já é um reconhecimento para o gênero.



MMTP: Qual ou quais autores te inspiraram a escrever?

Marcos: Edgar Allan Poe e Álvares de Azevedo são minhas principais referências. O poema “The Raven” é obra mais perfeita de terror clássico que tenho conhecimento. E a tradução do Milton Amado é a melhor.
Meu livro de cabeceira é o “Macário”, seguido por “A Noite na Taverna” ambos do Álvares de Azevedo.


MMTP: Quanto tempo levou para escrever À Sombra da Lua?

Marcos: O processo inteiro, desde a ideia até a publicação foi longo. A história envolvia muita pesquisa em textos de internet, livros, sermões antigos, entrevistas, mitos, religião... e para não parar no meio do processo com falta de informação, busquei tudo isso antes de começar a escrever. Na época eu estava representando meu último curta-metragem em festivais e trabalhando também com publicidade, portanto era escasso meu tempo para desenvolver o texto. Foram quase 2 anos para ter o roteiro pronto e esse mesmo tempo para ter a versão final adaptada como romance. Após entregue à Rocco, entre idas e vindas de revisões e conversas sobre como deixar o livro ainda melhor, foram mais 3 anos para ser publicado.



MMTP: Achou difícil desenvolver a estória, ou ela foi tomando forma com facilidade?

Marcos: Não diria que foi difícil, mas foi muito trabalhosa. Não só por retratar uma época do nosso passado, explorar a mitologia e argumentações religiosas com questionamentos filosóficos do comportamento humano, mas também porque é uma trama de reviravoltas. Precisei trabalhar tudo isso em conjunto para ambientar o livro de forma correta e não ter furo na estória.

O segredo é, antes de tudo, saber o seu final. Tendo isso, o desenvolvimento fica sempre bem direcionado. Algumas coisas são descobertas à medida que se escreve, mas como tudo faz parte do mundo mental do escritor, no final as coisas se encaixam.



Bom meus queridos, essa foi a primeira parte da entrevista com Marcos DeBrito!! Gostaram? Está bem rica!! Eu gostei muito e também me identifiquei bastante com as respostas! O livro Noite Na Taverna é um ótimo livro! Recomendo! Fiquei muito animada ao saber que tem um segundo romance a caminho!! E vocês?? 

 Amanhã teremos um pequeno quiz de favoritos e ele comentará sobre seu filme O Condado Macabro!! Continuem ligados porque ainda tem muitas surpresas!!

Beijinhos




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